Dentro de cada um de nós, existem dois lobos. E no segundo episódio de Duna: Profecia, também existem dois lobos. Intitulado “Dois Lobos”, o episódio é, de fato, dividido em duas partes principais: acompanhamos o conflito interno de Tula sobre submeter Lila ao processo da Agonia, enquanto Valya viaja para Salusa Secundus para investigar a ameaça representada por Tiran-Arafael. Essa divisão dá ao episódio uma sensação de maior foco em relação à semana passada, mas também cria um desequilíbrio, já que a trama da Irmandade continua se mostrando muito mais interessante do que os acontecimentos no Império.
O destaque dado às jornadas individuais das irmãs Harkonnen é, em sua maior parte, um ponto positivo. Elas são as protagonistas centrais de Duna: Profecia, e Emily Watson e Olivia Williams entregam atuações que se destacam no elenco. Dividir suas narrativas e permitir que cada uma siga seu próprio caminho traz um ritmo diferente e mais envolvente. Embora a trama da família imperial ainda pareça desinteressante, a presença de Valya adiciona dinamismo: sua investigação sobre Tiran-Arafael e a descoberta de que Desmond Hart é imune à Voz trazem uma dose de intriga. Apesar disso, enquanto Watson brilha em sua interpretação, Travis Fimmel enfrenta dificuldades em equilibrar os traços de um “fanático renascido” com a ameaça existencial que ele deveria representar para a Irmandade. O que deveria ser inquietante e intimidador, muitas vezes soa desordenado e, em alguns momentos, até exagerado.
A trajetória de Tula em “Dois Lobos” não se destaca apenas pela atuação emocional e sutil de Olivia Williams, mas também por ser uma narrativa mais envolvente. Com riscos de vida ou morte, implicações importantes para o lore das Bene Gesserit e do universo expandido de Duna, e um desfecho sombrio que avança os mistérios introduzidos no episódio inicial, sua história captura a atenção do público. Nem todos os elementos visuais funcionam na representação da Agonia – que acaba parecendo uma versão menos impactante do que Denis Villeneuve apresentou em Duna e Duna: Parte Dois – mas a oportunidade de ver claramente como é a comunhão com as ancestrais das Bene Gesserit é um detalhe fascinante para os fãs da mitologia.
A atuação de Chloe Lea como Lila também é um ponto alto em “Dois Lobos”. Ela retrata uma jovem que enxerga a Irmandade como sua verdadeira família e está disposta – e acaba realmente – sacrificando sua vida pelo bem coletivo. Lea consegue transmitir essa dedicação de forma convincente, criando uma conexão emocional com o público. Essa postura contrasta de forma interessante com as opiniões das irmãs Emeline e Jen, que possuem visões muito diferentes sobre o martírio. O episódio aprofunda ainda mais a divisão dentro da Irmandade nesta era, tornando a disputa entre os dois lados ainda mais intrigante e deixando o espectador ansioso para descobrir qual perspectiva prevalecerá no final.
Com uma narrativa mais focada e personagens centrais entregando performances marcantes, o episódio “Dois Lobos” avança a trama de Duna: Profecia de maneira significativa, especialmente no que diz respeito à Irmandade Bene Gesserit.